Em dia de maior mobilização, protestos levam mais de 1 milhão de pessoas às ruas no Brasil
Mais de 1 milhão de pessoas participaram de protestos em várias cidades do Brasil nesta quinta-feira (20). Entre muitos atos pacíficos, houve registro de violência em confrontos entre manifestantes e policiais e atos de vandalismo em várias cidades. No interior de São Paulo, um participante de protesto morreu atropelado. Os protestos ocorreram em várias capitais e centenas de cidades nas cinco regiões do país. Ao todo, 388 cidades tiveram manifestações, incluindo 22 capitais. O crescimento da onda de protestos levou a presidente Dilma Rousseff a convocar uma reunião de emergência para as 9h30 desta sexta-feira (21).
Fotos dos protestos
A situação foi tensa em Brasília, onde, após tentarem entrar no Congresso Nacional e no Palácio do Planalto, manifestantes depredaram o Palácio do Itamaraty, sede do Ministério das Relações Exteriores. No Rio de Janeiro, em Salvador, Belém, Campinas, Porto Alegre e Fortaleza, também houve confronto de manifestantes com a polícia. Em Ribeirão Preto (SP), um manifestante morreu e outros três foram atropelados por um homem que fugiu após o fato.
Em Brasília, os choques deixaram 137 pessoas pessoas feridas, três delas em estado grave. No Rio de Janeiro, mais de 60 pessoas ficaram feridas.
Além do pedido de mais qualidade e tarifas mais baixas no transporte público, tema que originou a onda de protestos, as "bandeiras" dos manifestantes agora reúnem uma série de outros motes: o uso de dinheiro público em obras da Copa do Mundo, melhorias nas áreas de saúde, educação e segurança, combate à corrupção, a PEC 37 (mudança de lei que pode tirar o poder de investigação do Ministério Público), além de outras questões e insatisfação generalizada contra governantes. A maior mobilização popular desde o início das ondas de protestos ocorreu um dia após os anúncios de revogação de aumento de tarifa de transporte coletivo em várias cidades do país, como Rio de Janeiro e São Paulo.
Rio de Janeiro, com ao menos 300 mil pessoas, e São Paulo, com mais de 110 mil pessoas, reuniram a maior quantidade de público nos protestos desta quinta.
No Rio de Janeiro, os manifestantes se concentraram na Candelária. Antes do início da passeata, cerca de 20 militantes da CUT (Central Única dos Trabalhadores) foram expulsos da concentração para o protesto. Pressionados pela multidão que gritava "Sem partido", os militantes deixaram o local pela rua da Quitanda.
Em São Paulo, ao menos 110 mil manifestantes, segundo medição do Datafolha, voltaram a interditar a avenida Paulista e a avenida 23 de Maio, na região central da cidade.
A onda de protestos começou a crescer em 6 de junho em São Paulo, quando 2.000 pessoas protestaram contra o aumento da tarifa de ônibus, metrô e trem, que subira de R$ 3 para R$ 3,20 quatro dias antes (2 de junho; a alta dos ônibus foi de 6,7%, contra 15,5% do IPCA).
Na quarta (19), pressionados pelos protestos (que levaram 65 mil pessoas às ruas na segunda, 17) , o governador de SP, Geraldo Alckmin (PSDB), e o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), anunciaram, em conjunto, a revogação do aumento, levando o valor da tarifa de volta a R$ 3. O protesto desta quinta em São Paulo tinha também, segundo o Movimento Passe Livre, a intenção de "comemorar a vitória" dos manifestantes.
Outro grupo de manifestantes, organizado pelo PT, realizou um ato de apoio à presidente Dilma nas proximidades da avenida Paulista.
Veja a estimativa de participantes em algumas das cidades em que houve protestos nesta segunda (todos os dados foram fornecidos pela Polícia Militar local, exceto São Paulo, cuja fonte é o Datafolha):
Campo Grande - 35 mil
Porto Velho - 20 mil
Uberlândia (MG) - 20 mil
São José dos Campos (SP) - 20 mil
Belém ? 15 mil
Campina Grande (PB) ? 15 mil
Teresina ? 10 mil
Londrina (PR) ? 1 mil
Interior de Santa Catarina ? 50.000
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